6.3.07

A Verdade numa Região de Mentira

Afinal a Região das Portas do Mar faraónicas, das badaladas estradas SCUT até ao Nordeste, dos concertos íntimos, dos bailes brancos, das violas e brasileiras, das piscinas olímpicas e dos centros de estágios irrealistas, dos pavilhões multi-usos cheios de nada, do McDonald,s como sinal de modernidade, dos parques temáticos injustificáveis, do hilariante superavit , das dezenas de equipas em provas nacionais com jogadores de fora, das inúmeras EP,s (empresas públicas), das variadas EM,s (empresas municipais) e dos milhares e milhares de subsídios á medida, não passa de um grande logro.
Esta mesma Região, apesar dos milhões e milhões que estão a entrar, como nunca visto, não consegue criar riqueza e até diverge com a União Europeia (UE). O Eurostat confirma que os Açores divergiram, nos últimos 2 anos conhecidos, em relação à UE, já com a Roménia e a Bulgária. O PIB per capita passou de 71,3% da média da UE em 2002, para 66,9% em 2003, para depois baixar novamente em 2004 para 65,9%. A RAA continua assim na cauda das RUP (Regiões Ultraperiféricas) e ainda a 9 pontos percentuais da média do país. A verdade é esta, agora reconfirmada pelo Eurostat.
E a situação socio-económica destas populações periféricas ainda revela uma conjuntura bem pior, mesmo preocupante.
Cerca de 17.500 açorianos, 7,2% da população, recebe o Rendimento Social de Inserção, uma percentagem sem qualquer comparação a nível do país.
Quase 80.000 açorianos não têm ainda médico de família.
5.144 pacientes aguardam e desesperam por uma cirurgia só no HDES, que pode demorar até 2 anos.
Os Açores são a região do país com a taxa de mortalidade infantil mais elevada ( 6,3 mortes por mil nascimentos).
As escolas da Região registam um número de retenções superior à média nacional, em especial no primeiro ciclo do ensino básico.
Há cerca de 530 crianças e jovens, provenientes de ambiente familiares problemáticos, acolhidas nos 40 lares e centros de atendimento temporário.
As crianças e jovens em risco nos Açores representam a pior situação do país, fruto da negligência, do abandono escolar e dos maus tratos físicos e psicológicos que grassa pelas conhecidas bolsas de miséria, mormente nas ilhas maiores.
Os Açores foram responsáveis por 6,2% dos casos de crianças vítimas de crime no primeiro semestre de 2006. Uma percentagem elevadíssima, tendo em conta a sua população.
Os Açores ocupam o terceiro lugar em termos de violência doméstica no País. São cerca de mil crimes denunciados anualmente, para uma população pouco superior a 240 mil habitantes.
Ao contrário da tendência nacional a criminalidade está a subir nos Açores.
Há cerca de 26.000 alcoólicos nas ilhas, mais de 10% da população. E nem existe um Plano Regional de Prevenção do Álcool. Antes pelo contrário assiste-se a iniciativas de autarquias e do governo de promoção do álcool e da criação de condições para o aumento do consumo. O alcoolismo é um dos maiores problemas de saúde pública dos Açores.
Todos os meses são apresentados 12 novos processos de crimes contra idosos nos Açores. A maioria dos casos é referente a burlas e furtos. Mas também existem situações de maus-tratos psicológicos com origem na própria família.
O Banco Alimentar Contra a Fome de São Miguel recolheu e distribuiu alimentos no ano passado para cerca de 2.600 famílias que passavam fome em S. Miguel.
Portanto o bem-estar socio-económico que se apregoa nas ilhas tem muito de virtual e não corresponde à verdade. É um “faz de conta” resultante de uma massiva e propaganda, desenvolvida por uma máquina política que tudo domina e tudo controla.
Esta é seguramente uma Região de mentira.

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