22.3.07

Álcool e drogas

O alcoolismo e o consumo de drogas ilícitas estão a corroer a nossa sociedade, mormente o segmento dos jovens. E infelizmente há muita gente que não quer ver o que se passa à sua volta, por absurdos interesses político-partidários, alheamento, indiferença ou mesmo apatia social.
Já o estudo do Instituto da Droga e Toxicodependência, realizado em 2001, havia indicado um problema grave de drogas nas escolas dos Açores. Neste estudo a Região Autónoma dos Açores apresentava dos piores resultados do país. De facto um em cada 5 jovens, de idade entre 14 e 16 anos, tinha tido já experiências de consumo de drogas. Isto é 19% dos jovens inquiridos. A média nacional rondava os 14%. Os Açores, segundo este estudo, estavam já no topo nacional no consumo de drogas em ambiente escolar.
Mais recentemente um inquérito realizado por 3 alunas do 12º. ano da Escola das Laranjeiras, e referente a alunos que frequentam o Ensino Secundário em Ponta Delgada, apresenta conclusões preocupantes: um em cada 20 adolescentes consome frequentemente drogas; 32% consome ocasionalmente; 32% já experimentou; e 70% dos não consumidores já assistiu ao consumo no estabelecimento de ensino.
A semana passada um semanário micaelense apresentava em título: “Droga a olho nu em escolas de Ponta Delgada”. E referia que os alunos são aliciados para o consumo de estupefacientes no interior das escolas, uma situação que não é alheia aos conselhos executivos e auxiliares.
Recentemente um encarregado de educação denunciava o consumo de drogas na escola das Laranjeiras, à vista de todos, e criticava o conselho directivo de nada fazer.
O médico João Vidal, director clínico da Casa de Saúde de S. Miguel considera o alcoolismo “um dos maiores problemas de saúde pública dos Açores” e criticava a falta de um Plano Regional de Prevenção do álcool e estimava cerca de 26 mil alcoólicos nestas ilhas, mais de 10% da sua população.
Ainda esta semana o referido médico dizia que a Casa de Saúde não tinha meios para lidar com as inúmeras situações que lá chegam, de alcoólicos e de toxicodependentes, à procura da cura.
O sociólogo Alberto Peixoto recentemente confirmou o excessivo e preocupante consumo de álcool no seu livro Dependências e Outras Violência. E a situação era grave particularmente nos concelhos das Lajes do Pico, das Velas, da Calheta de S. Jorge, e de Ponta Delgada, no que respeita à prevalência de consumo de bebidas alcoólicas.
E afirmou, no lançamento do livro, que “o álcool é a dependência mais grave”, e que “90% das pessoas que já praticaram algum tipo de violências ingerem álcool”. Só este dado, referiu o sociólogo, é por si revelador que o álcool é a droga que mais prejuízos, a nível pessoal, comunitário e material, traz.
Por seu lado o secretário regional dos assuntos sociais considera o alcoolismo “grave e preocupante fenómeno social, comunitário e de saúde pública”.
O diagnóstico está mais do que feito. E é grave e preocupante. As medidas para combater estas verdadeiras chagas sociais não surgem: nem do governo, nem das autarquias, e nem da sociedade civil. Todos assobiam para o lado, descaradamente.
Continuamos a viver numa Região do “faz de conta”, onde pulula uma plêiade de irresponsáveis, mormente em lugares públicos, que permite tal desgraçada situação, que anda a dar cabo dos nossos jovens e de muitas famílias.
Não é por acaso que os Açores ocupam o terceiro lugar em termos de violência doméstica no País. São cerca de mil crimes denunciados anualmente, para uma população pouco superior a 240 mil habitantes. E que fruto disto há 530 crianças e jovens institucionalizadas em cerca de 40 instituições e muitas centenas já sinalizadas, mas a aguardar vaga. É altura de reagir e agir. Com medidas claras, adequadas e corajosas para inverter esta preocupante tendência. Sem tibiezas e sem comprometimentos

1 comment:

Mike Maciel said...

Só para o notificar, de que passa a estar neste momento inserido na BlogBoard dos Açores,

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Mike Maciel
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